Pessoas com limitações motoras, muitas vezes, passam por situações complicadas na hora de fazer uma transferência. Isso pode acontecer, por exemplo, quando um amigo ou familiar inexperiente deseja ajudar o usuário de cadeira de rodas a transferir-se para a cama ou para o carro. Afinal, a falta de conhecimento sobre como fazê-lo pode resultar em alguns transtornos.
É nesse tipo de situação que vem à tona a importância de conhecer o processo de transferência. Só assim você poderá assumir o controle da situação para acalmar e orientar seu ajudante. Nesses casos, apenas a boa intenção da parte de quem ajuda não é o suficiente: é necessário estar aberto a aprender sobre o processo, da maneira correta.
Para ajudar nesse momento, ninguém melhor que a própria pessoa com deficiência, que já conhece seu corpo e suas limitações. Se você já passou por alguma situação embaraçosa com alguém que desejava ajudá-lo, mas não sabia exatamente como, continue lendo. Preparamos algumas dicas de como você pode orientar o seu ajudante.
Organize o entorno
Antes de iniciar a transferência é necessário planejar para que o local onde ela ocorrerá esteja livre de obstáculos que possam atrapalhar o processo. Não se esqueça de pedir ao ajudante que verifique se o freio está travado, o braço levantado e o apoio para os pés recolhido (caso essas partes sejam móveis, é claro).
Caso você possa ajudar, o cuidador deve posicionar-se à sua frente, e você deve colocar os braços sobre os ombros dele. Você deve manter os pés apoiados no chão e o tronco inclinado para frente. O ajudante, então, vai iniciar a transferência segurando em seus ombros, escápulas ou cintura. Essa posição inicial e esses itens de checagem, quanto ao equipamento, valem tanto para a transferência feita da cadeira para outro local, quanto o contrário.
Dê instruções verbais
É importante que você possa verbalizar instruções durante o processo, para guiar o seu ajudante. Vocês podem fazer juntos uma contagem até três, por exemplo, para determinar o momento exato de levantar-se de um local para acomodar-se no outro.
Por mais óbvia que a posição pareça para você, é necessário proferir cada etapa, cada detalhe, de modo que o seu ajudante execute os passos na ordem e da maneira correta. Só assim ele poderá ajudá-lo realmente a fazer a mudança postural na hora de transferir-se de local.
Tranquilize o ajudante
Especialmente se é a primeira vez que a pessoa em questão ajuda um usuário de cadeira de rodas a mudar de local, o momento pode trazer consigo uma carga de tensão e insegurança. É por isso que, além de fornecer instruções verbais, o paciente pode, também, ajudá-lo a sentir-se mais tranquilo, demonstrando segurança nos passos que descreve e usando palavras de incentivo.
Dessa forma, sentindo-se mais confiante, o ajudante será ainda mais eficiente na função à qual se destinou, e a transferência será concluída de forma muito mais agradável para ambos. Isso pode ser benéfico, principalmente, caso se trate de uma pessoa que o ajudará outras vezes.
Pegue e segure nos locais adequados
Além de orientar o ajudante a levantá-lo da forma correta e auxiliar na sua postura, você precisa segurar nos locais adequados. Apoiar os braços sobre os ombros de quem está ajudando, por exemplo, permite maior equilíbrio e um esforço menor na hora de levantar-se. Por mais simples que pareça, esse tipo de apoio é o que garante que a transferência será realizada sem esforços excessivos.
Lembre-se de que se trata de um processo que acontece entre você e o ajudante e, portanto, depende de ambos para chegar aos resultados esperados.
Não hesite em corrigir sua postura final
Muitas vezes, após a transferência, o ajudante não sabe exatamente como arrumá-lo na nova acomodação: No carro, o cinto de segurança deve ser corretamente utilizado; E na cama, é importante estar em uma posição confortável.
Caso a mudança seja para a cadeira de rodas, certifique-se de que o apoio para os pés, os braços e cintas de postura (caso você as utilize) estejam devidamente posicionados. Do contrário, você poderá sentir dores, desconfortos ou mesmo ter a sua segurança ameaçada.
Sempre prefira o uso de equipamentos de apoio
Alguns pacientes com dificuldades motoras apresentam, também, algum grau de comprometimento nos membros superiores. Nesses casos, a transferência se torna mais difícil, uma vez que ele não conseguirá apoiar-se no ajudante para manter-se firme. Para isso, existem elevadores individuais, que podem ser hidráulicos ou elétricos.
O hidráulico tem manuseio mais complicado, pois consiste no acionamento repetitivo de uma alavanca que aciona um pistão e vai elevando o usuário de cadeira de rodas aos poucos. Além disso, o ajudante não consegue acionar esse elevador e manusear o paciente ao mesmo tempo, o que pode causar impactos desconfortáveis. Já o elevador elétrico tem movimento suave e linear, sendo acionado por meio de um controle remoto permitindo o manuseio do paciente, o que torna seu uso muito prático.
Para otimizar essas ferramentas, existem marcas que contam com opções de adaptação, como: Permitir que eles se encaixem sob camas baixas ou mesmo box; Permitir que eles passem por portas e corredores mais estreitos; Alguns são desmontáveis, podendo ser transportados em bolsas menores durante viagens; Etc. Outro produto muito prático para este fim é o sellete manual, que torna uma transferência super segura e simples.
A transferência é algo que faz parte da vida do usuário de cadeira de rodas. É por isso que se trata de um processo que jamais deve ser negligenciado. Fazê-lo de forma correta ajuda a garantir, em partes, a integridade e a qualidade de vida do paciente.
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2 comments
Para fazer uma transferência segura, e preciso que todos estejam com o mesmo objetivo,falar pouco e ver oque estão fazendo para sair correto, para que não aja nenhum acidente com o paciente.ok
Artigo muito bom.Obrigado!