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O papel dos pais na luta por acessibilidade dos filhos

Ser pai é assumir, dia após dia, a missão de garantir caminhos seguros, oportunidades dignas e liberdade de ser para os filhos. Quando essa jornada inclui a vivência da deficiência, essa missão ganha contornos ainda mais profundos. O que para muitos é apenas rotina, para esses pais se torna resistência. O que parece simples, para eles exige estratégia, energia e, muitas vezes, coragem.

Neste Dia dos Pais, queremos homenagear todos aqueles que, além do amor e do cuidado, também carregam em si a força transformadora de quem luta. Luta por acessibilidade, inclusão, equidade e respeito. Eles são pais, sim. Mas também são ativistas, engenheiros improvisados, advogados dos direitos dos filhos, pontes entre mundos e, acima de tudo, guardiões da liberdade.

A paternidade como motor da transformação social

É impossível pensar em avanços na acessibilidade sem reconhecer o papel fundamental das famílias e, em especial, dos pais na defesa das necessidades reais dos filhos com deficiência. Em muitos casos, foram eles que abriram caminhos onde não havia trilhas. Eles que pressionaram escolas, desafiaram o sistema de saúde, negociaram com planos de saúde, enfrentaram burocracias do Estado. Eles que, diante da falta de acessos, criaram soluções com as próprias mãos.

Há pais que aprenderam sobre legislações de inclusão antes mesmo de saber o diagnóstico completo. Outros se tornaram especialistas em adaptação de espaços, ergonomia, transporte acessível ou tecnologia assistiva. E quase todos aprenderam a arte de observar detalhadamente o cotidiano dos filhos para identificar o que pode ser melhorado, onde há riscos e como criar mais autonomia para cada gesto, cada passo, cada escolha.

O cotidiano como campo de batalha

O que para muitas famílias é banal, para pais de crianças com deficiência pode ser um campo de batalha silencioso. A entrada na escola, por exemplo, pode envolver a luta por mediadores, por acessos físicos adequados, por professores preparados. Atividades como brincar no parque, ir ao mercado, frequentar a casa de amigos exigem planejamento, avaliação prévia do ambiente e, muitas vezes, frustração.

E é justamente no meio dessas tensões diárias que muitos pais se tornam também agentes de transformação. Cada e-mail que enviam cobrando acessibilidade em um local público, cada vez que recusam o rótulo de “coitadinho”, cada vez que dizem “meu filho consegue, só precisa de recursos” estão mudando o mundo, mesmo que um degrau por vez.

A delicada arte de promover autonomia

Um dos maiores desafios e também um dos maiores atos de amor é entender que a acessibilidade não é apenas remover barreiras físicas, mas também promover independência. E isso significa, muitas vezes, lidar com o medo de deixar os filhos errarem, se arriscarem e insistirem em fazer algo do jeito deles.

Muitos pais compartilham o relato de como é difícil assistir à primeira tentativa de se locomover sozinho, de usar um novo equipamento ou mesmo de enfrentar uma situação social com potencial capacitista. Mas também relatam o orgulho de ver o filho dizendo “eu consigo” e realmente conseguindo, seja na escola, no esporte, no trabalho ou na vida adulta.

Quando o amor vira engenharia: histórias que inspiram

Existem inúmeros relatos de pais que transformaram o amor em invenção. Um deles está na própria origem da Freedom. Nos anos 90, Gino Salvador se viu diante de uma realidade dura: seu filho, Otávio, tinha distrofia muscular e precisava de uma cadeira de rodas motorizada. Na época, as opções disponíveis no Brasil eram inacessíveis, tanto em preço quanto em tempo de entrega. Gino, então, foi atrás de alternativas e não só encontrou um protótipo nacional, como o aprimorou ao lado de seu criador para atender as necessidades específicas de Otávio.

Foi dessa experiência vivida com o filho, testando, adaptando e melhorando, que nasceu a Freedom Veículos Elétricos, que hoje é referência nacional em mobilidade assistiva. A infância ativa e criativa de Otávio moldou diretamente a durabilidade, o design e a funcionalidade das primeiras cadeiras, mostrando que os produtos mais eficientes não nascem apenas de laboratórios, mas da vida real.

Esse exemplo é apenas um entre tantos. Há pais que constroem rampas improvisadas em casa, que criam soluções de comunicação alternativa, que adaptam brinquedos e jogos, que fundam associações de apoio a outras famílias. Eles mostram, na prática, que a inclusão começa quando alguém se recusa a aceitar a exclusão como destino.

Esse exemplo é apenas um entre tantos. Outro é o de Edison Zarnot, pai do Diogo, de 5 anos, diagnosticado com Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo II. Edison deixou o trabalho de vendedor para cuidar do filho e acompanha de perto cada etapa de seu tratamento, que inclui fisioterapia e o uso do medicamento Spinraza. Para ler a história completa, clique aqui!

Os direitos vêm com luta e continuam vindo

Graças à luta de tantas famílias, hoje temos legislações que garantem a inclusão escolar, o acesso a tecnologias pelo SUS, isenções fiscais, transporte adaptado, entre outros avanços. Mas essas conquistas não vieram de cima para baixo. Vieram da base. Vieram de pais que pressionaram governos, que compartilharam suas histórias, que enfrentaram preconceitos estruturais com persistência e fé no futuro.

A luta por acessibilidade continua. E os pais seguem na linha de frente, muitas vezes sem receber o devido reconhecimento. Por isso, neste Dia dos Pais, é fundamental não só homenageá-los, mas ouvi-los, apoiá-los e aprender com eles.

Ser pai é plantar autonomia

Cada adaptação feita com carinho, cada papel preenchido com atenção, cada conversa com um médico ou professor, cada insistência para que o filho tenha as mesmas chances que qualquer outro é semente. Semente de autonomia, de autoestima e de cidadania. E mesmo quando os frutos demoram a aparecer, esses pais seguem plantando.

Ser pai de uma pessoa com deficiência é uma jornada com obstáculos, sim, mas também com descobertas, vínculos profundos e vitórias que muitos nem imaginam. É uma paternidade que transcende o cuidado físico e se transforma em ponte para a liberdade.

A todos os pais que abrem caminhos

Neste Dia dos Pais, a Freedom presta homenagem a todos aqueles que, com coragem, criatividade e amor, ajudam seus filhos a conquistarem o mundo. A vocês, nossa admiração, nosso respeito e o nosso compromisso: continuar desenvolvendo soluções que tornem o caminho mais leve, mais justo e mais possível.

Porque acessibilidade não é favor. É direito. E todo pai que luta por ela merece ser reconhecido como o que realmente é: um construtor de futuros.

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